Setembro Amarelo e a importância de como falamos sobre a Saúde Mental
Agosto nos convida a começar uma conversa vital: a importância da saúde mental. Enquanto o Setembro Amarelo se destaca como o mês de prevenção ao suicídio, essa conscientização precisa ir além de uma data no calendário. Cuidar da mente é um compromisso diário, e cada diálogo que iniciamos pode ser uma ponte para salvar vidas. Que tal começarmos essa reflexão agora, juntos?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que a maior parte dos casos de suicídio estão relacionados à doenças mentais e que a maioria dos casos poderia ter sido evitada se esses pacientes tivessem acesso ao tratamento psicologico e psiquiátrico e informações de qualidade.
Portanto, é fundamental que todos possuam informação e conhecimento suficiente para ajudar o próximo e mostrar que existem outras saídas para lutar e que a melhor escolha é a vida.
O efeito Werther
Esse fenômeno foi nomeado por conta do livro “Os sofrimentos do jovem Werther”, a obra conta a história do amor impossível do protagonista com a sua amada e ao não encontrar uma saída para que eles pudessem ficar juntos, ele decide tirar sua própria vida.
A obra escrita em 1774 levantou diversos debates sobre a forma como esse tema é tratado, afinal não é correto romantizar a morte e mostrar o ato do suicídio como uma ação heróica. Considerando que este ato geralmente está ligado à saúde mental, essa abordagem em relação ao tema pode gerar gatilhos para que as pessoas que estejam sofrendo e tenham pensamentos suicidas.
Por isso, a forma como nos comunicamos diariamente e principalmente quando abordamos o tema saúde mental é essencial para que possamos ajudar e passar conhecimento sem gerar um efeito contrário.
O efeito Papageno – Uma forma de prevenir o suicídio
Este efeito tem como propósito compartilhar histórias de pessoas que passaram por dificuldades traumáticas, sejam relacionadas à intenção suicida ou não e gerar uma identificação no espectador de que é possível lidar com os desafios e superar as dificuldades.
Essa forma de exposição ajuda a inspirar confiança, criando um efeito preventivo ao suicídio. É mostrar que apesar das dificuldades, sempre existe uma alternativa que pode ser escolhida.
Então, quando abordamos um assunto tão sensível e impactante quanto a saúde mental e a prevenção ao suicídio, é imprescindível que tenhamos um cuidado na forma como falamos e com a mensagem que estamos querendo passar, pois uma palavra ou entonação específica pode gerar gatilhos e acabar potencializando o efeito Werther.
Prevenção ao suicídio: como reconhecer os sinais e acolher as pessoas
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas morrem por ano devido ao suicídio, o que representa uma a cada 100 mortes registradas.
Apesar de uma queda geral nas taxas de suicídio em todo o mundo, as Américas apresentam uma situação preocupante, com um aumento de 17% nas taxas de suicídio entre 2000 e 2019.
Entre jovens de 15 a 29 anos, o suicídio é a quarta principal causa de morte, atrás apenas de acidentes de trânsito, tuberculose e violência interpessoal.
O consumo de álcool e drogas durante a infância e adolescência está fortemente associado ao risco de suicídio, como explica o psiquiatra Antônio Geraldo da Silva. Ele observa que o abuso de substâncias pode atuar como um gatilho para o suicídio, especialmente em pessoas que já sofrem de transtornos mentais como a depressão, um fator presente em cerca de 36% a 37% dos casos de suicídio.
No Brasil, a taxa de suicídio entre jovens aumentou em média 6% ao ano entre 2011 e 2022. As notificações de autolesões na faixa etária de 10 a 24 anos também cresceram significativamente, com um aumento anual de 29% no mesmo período.
Em comparação, na população geral, a taxa de suicídio subiu 3,7% ao ano, enquanto as notificações de autolesões aumentaram 21% ao ano. Esses dados ressaltam a gravidade da situação, especialmente entre os jovens brasileiros.
BRASIL. Ministério da Saúde. Anualmente, mais de 700 mil pessoas cometem suicídio, segundo OMS. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/setembro/anualmente-mais-de-700-mil-pessoas-cometem-suicidio-segundo-oms. Acesso em: 14 ago. 2024.
LANCET Regional Health – Americas. Suicide rates and self-harm notifications in Brazil: Analysis of trends from 2011 to 2022. Disponível em: https://www.thelancet.com/journals/lanam/article/PIIS2667-193X(24)00018-8/fulltext#:~:text=From%202011%20to%202022%2C%20720%2C480,have%20increased%20in%20the%20country. Acesso em: 14 ago. 2024.
Doenças mentais: como identificá-las e tratá-las?
Os transtornos mentais são caracterizados por uma série de sintomas, basicamente são uma combinação de pensamentos, percepções, emoções e comportamento anormais, que também podem afetar as relações com outras pessoas.
Mas como saber se seu filho, parente ou um amigo está em perigo?
O diagnóstico de transtornos mentais só pode ser realizado por um profissional da saúde. Entretanto, existem alguns sinais de alerta que nos permitem reconhecer se a pessoa em questão está correndo algum risco ou precisa de apoio psicológico.
Como posso apoiar esta pessoa?
Uma das ações mais importante a se fazer após notar os sinais, é não invalidar a dor e o sofrimento que a pessoa está passando e não brincar com o tema. Além disso, você pode incentivar a busca por um tratamento adequado.
Lembrando que o tratamento mais eficaz para os casos de transtornos mentais é buscar por um profissional da saúde qualificado para tratar o tema, como um psicólogo e/ou psiquiatra.
Além disso, o apoio de familiares e amigos é fundamental para a recuperação e a prevenção ao suicídio. Portanto, ter uma rede de apoio que te acolhe e valida seus sentimentos é importantíssimo para a prevenção ao suicídio.
Onde buscar ajuda?
Agir salva vidas!
Carolina Alves Quintino
Psicóloga | 08/13621